quinta-feira, 16 de outubro de 2014

San Gimignano é um mergulho na história. Lajatico na arte. Florença é uma síntese de arte e história.
A programação do terceiro dia na Toscana, 16/10/2013, era percorrer o centro histórico de Florença “a pé”. Seriam aproximadamente 2,5 km desde a Basílica de Santa Croce até nosso hotel. Sem pressa, saboreando Florença e, talvez, um sorvete.
Fomos em um táxi até o ponto de partida da aventura. Essa é uma dica interessante: a visita aos centros históricos é muito mais fácil se feita de táxi, porque as ruas são estreitas, boa parte delas tem o trânsito restrito e é muito difícil encontrar uma vaga para estacionar. Lições de nossa visita anterior a Roma.
Começamos pela Basílica de Santa Croce, maravilhosa igreja franciscana onde estão enterrados Galileu, Michelangelo, Maquiavel. Imaginem se não fiquei deslumbrado. 
O acesso para as cadeiras é feito por uma rampa lateral, o que permite vencer a enorme escadaria frontal e não oferece dificuldades.
A praça defronte à Basílica, vista de cima da escadaria, é cheia de barraquinhas que vendem lembranças turísticas e que escondem os casarões seculares. De um certo modo, o movimento remete aos tempos heroicos da República Florentina.
Dali fomos pelas ruas planas e sem obstáculos significativos. Seguimos até o Palazzo Vecchio, antiga “prefeitura” na época de Maquiavel, almoçamos na praça, fomos até o majestoso Duomo, que é a catedral de Florença. Depois da parte religiosa, a parte mundana na Ponte Vecchio e suas lojas com vitrines reluzentes de ouro. Tudo isso com pleno acesso. Mas com um pouquinho de suor.
A Ponte Vecchio serviu para atravessarmos o rio Arno, que corta a cidade. Travessia necessária para podermos chegar até o hotel. Fomos margeando o rio, embora as calçadas apresentassem um pouco mais de dificuldade e o muro não permitisse que víssemos o rio. Além disso, como nessa parte existe trafego de veículos, atravessar as ruas se tornou mais complicado. Mas, sempre que surgia uma outra ponte, íamos até o meio para fotografar a cidade, o rio e suas pontes.
Levamos praticamente o dia todo para fazer o percurso e, considerando os desvios, caminhamos bem mais que os 2,5 km.
Chegamos cansados ao fim do dia, mas com uma sensação gostosa de ter atingido um objetivo, cumprido um plano. E acho que dificilmente Florença já havia presenciado um casal de cadeirantes se divertindo tanto pelas suas ruas.

Apesar do cansaço, tínhamos ainda que sair para jantar e nos preparar para ir para Assis no dia seguinte. Mas, essas, são outras histórias.

 


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Dia 15/10/2013, nosso segundo dia de aventuras na Toscana previa uma excursão a Lajatico. Onde????
Não ficarei surpreso se a maioria dos meus três leitores não souber onde fica ou mesmo o que seja Lajatico, embora acredite que a Nilza possa ficar um pouco aborrecida. Isso porque a famosa Lajatico é o berço e eventual lar de Andréa Bocelli, tenor italiano que faz um certo sucesso por aqui (a Nilza irá ficar muito brava comigo!!!)
Como vocês já podem ter percebido, a Nilza é fã do Bocelli e me fez incluir a pequenina cidade no roteiro, ao lado de Milão, Florença, Assis, Roma......mas, fã é fã.
E lá fomos nós de novo pelas estradinhas sinuosas da Toscana, acompanhados de uvas e azeitonas. Mas, dessa vez, não erramos e logo estávamos subindo as colinas rumo a Lajatico.
O pequeno centro da cidade é totalmente acessível, o que permitiu irmos à sede da Fundação Bocelli (que estava fechada), passear pela praça e comer um belo pão com mortadela num bar cujas paredes ostentavam várias fotos de Andréa. Foi a primeira Coca-Cola que tomei em temperatura ambiente. E gostei.
Conversamos com o dono do bar e com um velhinho que estava por lá, típicos de cidadezinhas. Nos demos melhor com o velhinho, que era quase completamente surdo e parecia se divertir com tudo que falávamos.
Deu pra notar que o Andréa é muito admirado por ali e, pelo jeito, merece, pois parece ajudar bastante a comunidade.
Fora da cidade, encontramos o lugar mais impressionante: o Teatro del Silenzio.
Construído e mantido por Bocelli, é palco de grandes apresentações artísticas. Uma delas recente, havia deixado esculturas espalhadas pela cidade, nas ruas, nos prédios, acentuando o clima cultural. O teatro é um grande campo aberto e não um prédio, mas imagino que em dias de espetáculo disponha de espaços adequados.
Não ficamos muito, mas foi uma viagem muito gostosa e que permitiu conhecer um pouco da Itália fora dos roteiros turísticos. Conversar com gente comum. Aprender um pouco mais da língua.
Na volta, demos uma esticada para o litoral próximo a Pisa. Mas essa é uma outra história.







terça-feira, 14 de outubro de 2014

Instalados em Florença (qualquer dia eu posto umas fotos do hotel), partimos no dia 14/10/2013, para conhecer San Giminignano, uma cidade medieval preservada no meio da Toscana.
Mas, primeiro, tínhamos que encontrá-la. Nunca errei tantos caminhos quanto aquela manhã. Já de início perdemos o roteiro que eu tinha preparado a partir da internet. Depois não havia o que fizesse aparecer a cidade.
Depois de muito dar voltas, o que, confesso, não é de todo ruim se for pelas estradas ladeadas de parreiras e oliveiras carregadas da Toscana, encontramos San Giminignano e suas muralhas.
Aí veio o outro problema: estacionar nosso valente companheiro motorizado. Ao redor da cidade existem vários bolsões de estacionamento que, quando chegamos, já estavam lotados. Depois de várias voltas ao redor das muralhas (já estava me sentindo um invasor viking), entramos, não sei como, por uma rua que nos levou praticamente ao centro da cidade e onde surgiu do nada um espaço para estacionarmos (se pudesse, tinha ajoelhado para agradecer).
Invadimos a cidade!!! Mas não éramos os únicos, turistas por toda parte.
Estávamos perto, mas não estávamos exatamente no centro, que era onde queríamos ir. E se as ladeiras de Portofino eram inclinadas, as de San Giminignano eram um exagero.
As cidades medievais, normalmente, por questões de segurança, eram construídas sobre montes e não tinham a mínima preocupação com a acessibilidade. Mas, lá fomos nós. Vikings são guerreiros valentes.
No caminho, paramos num banheiro público adaptado e incrustado na muralha. Não era medieval, mas foi muito bem-vindo.
Continuamos subindo, ou tentando. Certos caminhos eram muito íngremes até para nossa vontade de conhecer o mais possível daquele lugar que parecia saído de filmes como O Nome da Rosa. No entanto, de repente, por duas vezes, nossas cadeiras se tornaram mais leves e a subida mais fácil. Obra de dois casais de turistas que, do mesmo jeito silencioso que chegavam, partiam, deixando somente sorrisos como apresentação. 
Tanta gentileza que nos ajudou a chegar na praça central, onde almoçamos com direito a pecorino com mel como antepasto e o inevitável vinho.
Esse foi a única cidade em que tivemos problemas para nos locomover com as cadeiras. Mas é justificável por ser uma cidade muito antiga e patrimônio histórico. Mas as dificuldades vieram somente da inclinação das ruas, já que elas não apresentavam outro tipo de obstáculos, do tipo degraus, pedras ou buracos. E havia banheiros adaptados.
Linda e cansativa viagem pelo passado, mas valeu a pena. Tanto que ao fim da tarde já nem estava tão bravo por causa das reviravoltas da manhã. E não errei muito na volta para Florença.





segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Há um ano, 13/10/2013, saímos de Genova em direção a Florença. Ao contrário do que recomendam os mais apressados, fomos pelas estreitas estradas do litoral, cheias de deliciosas curvas, ao invés da auto-estrada com várias pistas e com curvas modernas e monótonas.
Além de passear pelo belíssimo litoral cheio de vegetação e mansões penduradas nos rochedos a beira-mar, tínhamos um destino intermediário: Portofino. Uma escala romântica da viagem, três dias após termos visitado Giulietta, em Verona.
(Caro e eventual leitor, você não perdeu um post intermediário. Eu não falei mesmo nossa visita à esposa de Romeu. Logo voltaremos a ela).
Estacionar já foi um exercício nas ruas estreitas e já cheias de turistas. Tive que, mais uma vez, explicar ao guarda que éramos deficientes. Quando ele me entendeu, apontou uma vaga reservada. Foi a salvação, mas o terreno bastante inclinado deu um pouco de trabalho.
Enfim, descemos a ladeira até o porto. Não é brincadeira. Era mesmo uma ladeira e o calçamento estava um tanto liso por causa da chuvinha fina. Mas, turista é turista e lá fomos nós ladeira abaixo, parando várias vezes para fotografar os belos e antigos edifícios.
Chegamos ao porto. Pequeno, cercado de sobrados muito coloridos, com vários barcos de pesca e passeio ancorados na Marina e vigiado por um castelo construído sobre uma montanha bem alta. Certamente, o castelo servia de proteção para o porto em tempos menos pacíficos.
Não subimos até o castelo, apesar da vontade de vislumbrar o litoral lá do alto. Também não conseguimos entrar no Museu Italiano de Escultura por causa do acesso por uma escada íngreme (caso vocês não tenham notado, o rinoceronte que sobrevoa a Nilza numa das fotos, é uma das obras lá expostas). Não procuramos outra entrada porque não estava nos planos uma demora maior. Mas conseguimos passear tranquilamente pela praça do porto, que não apresenta maiores obstáculos que o calçamento de pedregulhos que dificulta um pouco.
Além do passeio, a escala também tinha objetivos gastronômicos (jeito bonito de falar que iríamos almoçar por lá). A praça é rodeada de restaurantes, o que facilitou o almoço e dificultou a escolha.
O escolhido nos proporcionou uma macarronada com frutos do mar, acompanhada por um delicioso vinho branco (minha formação de sommelier inclui pouco mais que saber que frutos do mar combinam com vinho branco). Fiquei pensando nos efeitos do vinho naquelas curvas que teria que enfrentar no caminho de volta. Me tranquilizei quando lembrei que o esforço de subir a ladeira faria evaporar todo álcool que tinha a intenção de beber.
Para completar o clima, o restaurante foi invadido por um cantor. Daqueles de filme italiano dos anos 50/60. Canastrão no último, mas com uma ótima voz. O problema é que canto Gipsy Kings o tempo inteiro. Quando pedi uma música do Sergio Endrigo, ele não conhecia nenhuma. Ficamos no gitano mesmo.
Enquanto almoçávamos, a Nilza espichava os olhos para a praça, onde já havia se apresentado Andréa Boccelli. Ele não estava mais lá, mas iríamos em busca dele nos próximos dias.
Mas, isso, é outra história.